MEGA QUADRILHA É DESBARATADA
Como organização semelhante à de uma empresa, foi desarticulada, no sábado, o que policiais civis acreditam ser a maior quadrilha de roubos de cargas do sul do país. Há indícios de que a ação do bando ultrapassava fronteiras. Pelo menos uma das cargas recuperadas seria enviada à China. Os bandidos assaltavam sob encomenda, e as mercadorias tinham como destino empresários e comerciantes gaúchos, catarinenses e paranaenses. A estimativa da polícia é de que o bando cometia 10 grandes assaltos por mês no Vale do Sinos e na Grande Porto Alegre, movimentando R$ 1 milhão em produtos. Batizada de Operação Carga Pesada, a ação da 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana com o apoio da 3ª DP de Novo Hamburgo já prendeu 52 pessoas desde 12 de julho. No primeiro dia da operação, uma carga de 33 mil metros quadrados de couro - avaliada em R$ 2 milhões e suficiente para encher uma carreta - foi apreendida. Sete pessoas foram presas. Além deles, foram presos assaltantes e empresários que encomendavam a carga. Os nomes não foram divulgados pela polícia para não atrapalhar as investigações. No sábado, no bairro Canudos, em Novo Hamburgo, foi localizado José Feijó, 40 anos, apontado líder da organização. Ele ficou ferido ao lutar com um policial para tentar escapar. A quadrilha agia de maneira organizada, e as vítimas não eram escolhidas aleatoriamente. Comerciantes e empresários solicitavam a Feijó o produto do qual precisavam. Cabia a ele contratar os assaltantes, distribuir as armas e planejar os roubos. Um casal (Claudiomiro Antunes da Silva, 34 anos, e uma adolescente de 17 anos, ambos detidos) se fazia passar por cliente das possíveis vítimas a fim de coletar informações que abasteciam o líder. Cabia a ele determinar se a carga seria levada da estrada ou retirada na empresa. Entre o material apreendido, estavam 60 tonéis com produtos químicos usados na produção de calçados que seriam enviados para a China.
- Já tinham inclusive as guias de exportação. Acreditamos que seria embarcado em Rio Grande, como se fosse um produto legal. Agora resta saber se mais material era mandado para fora do país - comenta delegado Rodrigo Lorenzini Zucco, da 3ª DP de Novo Hamburgo. Segundo ele, as investigações indicam que a carga foi encomendada por uma companhia de exportação e seria repassada a clientes chineses, que possivelmente não sabiam se tratar de produto roubado. O delegado regional, João Bancolini, informa que novas prisões devem ocorrer. Os envolvidos poderão ser indiciados por receptação, roubo e formação de quadrilha.
BANDO USAVA DEPÓSITOS EM LAJEADO E FARROUPILHA
No final de semana, a polícia também identificou oito depósitos - seis em Lajeado e dois em Farroupilha - usados pelos bandidos para estocar o produto roubado. Em Farroupilha, dois empresários, cujos nomes não foram divulgados, foram presos temporariamente. Em Novo Hamburgo, outros dois. As demais prisões aconteceram em Porto Alegre, Viamão, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Lajeado, Teutônia, Portão, Campo Bom, Estância Velha e Cachoeirinha. Nos locais de armazenagem foram apreendidos no sábado 14 mil metros quadrados de couro, 700 louças para banheiro, calçados, uma tonelada de alimento, além de mais de 60 tonéis com produtos químicos usados na produção de calçados, com um valor total estimado em R$ 500 mil, além de cerca de uma tonelada de sucos e balas e de uma carga de sapatos ainda não contabilizada.
ARTICULAÇÃO INTERNACIONAL
Desde que o Vale do Sinos surgiu para o mundo como pólo coureiro-calçadista no país, pelos anos 70, se tornou também visado por quadrilhas de todo o tipo. O mesmo dinheiro fácil que fluiu na região e gestou migrantes - a ponto de transformar Novo Hamburgo numa das maiores cidades gaúchas - atraiu também predadores de quilate, como o bando descoberto pela Polícia Civil. A principal variante do crime Made In Vale do Sinos é o roubo de couro wet blue, matéria-prima mais usada na fabricação dos calçados. Policiais descobriram, ao longo das últimas décadas, que grande parte desses delitos era encomendada por fabricantes rivais da vítima. Isso porque é mercadoria valiosa e com fácil colocação no mercado especializado da região. Surgiram inclusive firmas de investigação e resgate do couro roubado, num círculo vicioso que retroalimenta esquemas criminosos. As mesmas quadrilhas que roubam couro diversificam a atividade, levando cargas de todo o tipo. É o que acontece no esquema liderado por José Feijó, conforme as investigações comandadas pelo delegado João Bancolini. Remédios, louças e alimentos eram também levados pelos ladrões. Tudo carga valiosa e que pode ser revendida em supermercados da periferia. O mais curioso de todo esse esquema é a revelação de que material químico usado no preparo de calçados seria enviado para a China. A se confirmar, seria a inversão de uma prática que hoje está consagrada no mundo: a de introdução de produtos piratas chineses na América Latina, com especial atenção para o Brasil. Os chineses têm se notabilizado pela produção de sapatos de baixa qualidade, a custos até três vezes inferiores aos brasileiros. No caso, a quadrilha de Feijó estaria sabotando duas vezes a indústria calçadista do Vale do Sinos. Numa ponta, roubando diretamente os industriais. Na outra, favorecendo seus concorrentes da China com o envio de químicos que ajudarão a fazer calçados muitas vezes contrabandeados para cá - e retirar empregos dos trabalhadores da indústria calçadista brasileira. Duplo prejuízo, interrompido pela elogiável ação da Polícia Civil.
(Fonte: Zero Hora)
Como organização semelhante à de uma empresa, foi desarticulada, no sábado, o que policiais civis acreditam ser a maior quadrilha de roubos de cargas do sul do país. Há indícios de que a ação do bando ultrapassava fronteiras. Pelo menos uma das cargas recuperadas seria enviada à China. Os bandidos assaltavam sob encomenda, e as mercadorias tinham como destino empresários e comerciantes gaúchos, catarinenses e paranaenses. A estimativa da polícia é de que o bando cometia 10 grandes assaltos por mês no Vale do Sinos e na Grande Porto Alegre, movimentando R$ 1 milhão em produtos. Batizada de Operação Carga Pesada, a ação da 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana com o apoio da 3ª DP de Novo Hamburgo já prendeu 52 pessoas desde 12 de julho. No primeiro dia da operação, uma carga de 33 mil metros quadrados de couro - avaliada em R$ 2 milhões e suficiente para encher uma carreta - foi apreendida. Sete pessoas foram presas. Além deles, foram presos assaltantes e empresários que encomendavam a carga. Os nomes não foram divulgados pela polícia para não atrapalhar as investigações. No sábado, no bairro Canudos, em Novo Hamburgo, foi localizado José Feijó, 40 anos, apontado líder da organização. Ele ficou ferido ao lutar com um policial para tentar escapar. A quadrilha agia de maneira organizada, e as vítimas não eram escolhidas aleatoriamente. Comerciantes e empresários solicitavam a Feijó o produto do qual precisavam. Cabia a ele contratar os assaltantes, distribuir as armas e planejar os roubos. Um casal (Claudiomiro Antunes da Silva, 34 anos, e uma adolescente de 17 anos, ambos detidos) se fazia passar por cliente das possíveis vítimas a fim de coletar informações que abasteciam o líder. Cabia a ele determinar se a carga seria levada da estrada ou retirada na empresa. Entre o material apreendido, estavam 60 tonéis com produtos químicos usados na produção de calçados que seriam enviados para a China.
- Já tinham inclusive as guias de exportação. Acreditamos que seria embarcado em Rio Grande, como se fosse um produto legal. Agora resta saber se mais material era mandado para fora do país - comenta delegado Rodrigo Lorenzini Zucco, da 3ª DP de Novo Hamburgo. Segundo ele, as investigações indicam que a carga foi encomendada por uma companhia de exportação e seria repassada a clientes chineses, que possivelmente não sabiam se tratar de produto roubado. O delegado regional, João Bancolini, informa que novas prisões devem ocorrer. Os envolvidos poderão ser indiciados por receptação, roubo e formação de quadrilha.
BANDO USAVA DEPÓSITOS EM LAJEADO E FARROUPILHA
No final de semana, a polícia também identificou oito depósitos - seis em Lajeado e dois em Farroupilha - usados pelos bandidos para estocar o produto roubado. Em Farroupilha, dois empresários, cujos nomes não foram divulgados, foram presos temporariamente. Em Novo Hamburgo, outros dois. As demais prisões aconteceram em Porto Alegre, Viamão, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Lajeado, Teutônia, Portão, Campo Bom, Estância Velha e Cachoeirinha. Nos locais de armazenagem foram apreendidos no sábado 14 mil metros quadrados de couro, 700 louças para banheiro, calçados, uma tonelada de alimento, além de mais de 60 tonéis com produtos químicos usados na produção de calçados, com um valor total estimado em R$ 500 mil, além de cerca de uma tonelada de sucos e balas e de uma carga de sapatos ainda não contabilizada.
ARTICULAÇÃO INTERNACIONAL
Desde que o Vale do Sinos surgiu para o mundo como pólo coureiro-calçadista no país, pelos anos 70, se tornou também visado por quadrilhas de todo o tipo. O mesmo dinheiro fácil que fluiu na região e gestou migrantes - a ponto de transformar Novo Hamburgo numa das maiores cidades gaúchas - atraiu também predadores de quilate, como o bando descoberto pela Polícia Civil. A principal variante do crime Made In Vale do Sinos é o roubo de couro wet blue, matéria-prima mais usada na fabricação dos calçados. Policiais descobriram, ao longo das últimas décadas, que grande parte desses delitos era encomendada por fabricantes rivais da vítima. Isso porque é mercadoria valiosa e com fácil colocação no mercado especializado da região. Surgiram inclusive firmas de investigação e resgate do couro roubado, num círculo vicioso que retroalimenta esquemas criminosos. As mesmas quadrilhas que roubam couro diversificam a atividade, levando cargas de todo o tipo. É o que acontece no esquema liderado por José Feijó, conforme as investigações comandadas pelo delegado João Bancolini. Remédios, louças e alimentos eram também levados pelos ladrões. Tudo carga valiosa e que pode ser revendida em supermercados da periferia. O mais curioso de todo esse esquema é a revelação de que material químico usado no preparo de calçados seria enviado para a China. A se confirmar, seria a inversão de uma prática que hoje está consagrada no mundo: a de introdução de produtos piratas chineses na América Latina, com especial atenção para o Brasil. Os chineses têm se notabilizado pela produção de sapatos de baixa qualidade, a custos até três vezes inferiores aos brasileiros. No caso, a quadrilha de Feijó estaria sabotando duas vezes a indústria calçadista do Vale do Sinos. Numa ponta, roubando diretamente os industriais. Na outra, favorecendo seus concorrentes da China com o envio de químicos que ajudarão a fazer calçados muitas vezes contrabandeados para cá - e retirar empregos dos trabalhadores da indústria calçadista brasileira. Duplo prejuízo, interrompido pela elogiável ação da Polícia Civil.
(Fonte: Zero Hora)
JUSTIÇA DO PARANÁ TORNA SEM EFEITO LEI APROVADA PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
Não durtou uma semana a vigência da Lei que dava gratuidade da tarifa para veículos emplacados nos municípios onde as praças de cobrtança estão instaladas, no Paraná. A decisão foi tomada na sexta-feira pelo Tribunal de Justiça daquele estado em caráter liminar. No despachp, o desembargador relatou que a lei de isenção trata-se de "ato legislativo ilegal, inconstitucional e abusivo praticado pela Assembléia Legislativa, tendo como coadjuvante o Chefe do Poder Executivo (governador Roberto Requião). O deputado Antonio Anibelli, autor da Lei lamentando a decisão judicial disse: "É uma barbaridade. A Justiça vai contrra os anseios da população. É uma derrota para o povo do Paraná".
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