terça-feira, 16 de outubro de 2007


CPI DOS PEDÁGIOS ACABA DE FORMA MELANCÓLICA
Depois de 120 dias de debates terminou nesta segunda-feira (15.10) o trabalho investigatório da Comissão Parlamentar de Inquérito contra a prorrogação dos contratos de pedágio no Rio Grande do Sul. Dos doze integrantes da CPI, 5 desejavam que houvesse a prorrogação de mais 60 dias para a conclusão das investigações, mas foram derrotados na Comissão e na Justiça. O relatório final foi lido e aprovado por 7 votos a 5 concluindo que, de fato, existe falta de fiscalização pelo DAER junto as concessionárias, mais investimentos nas rodovias e um sistema injusto de cobrança. O presidente da CPI, Gilmar Sossela, lamentou o encerramento dos trabalhos, mas revelou ter cumprido seu dever.
— Instrumento de reivindicação das minorias, a CPI dos Pólos de Pedágio acabou engessada por uma maioria desinteressada em desvendar os pontos obscuros de um programa criado a partir da incapacidade de investimentos por parte do Estado. Acredito, no entanto, que a sociedade despertou para um debate que busca esclarecer os motivos que fazem do RS um Estado sitiado por um modelo de pedágio totalmente injusto, que cobra muito, oferece pouco e penaliza comunidades inteiras — destacou. O relatório será agora encaminhado ao Plenário da Assembléia Legislativa para a sua aprovação final.
Para o comentarista da Rádio Gaúcha, Antônio Britto, enquanto assistimos a festa federal de leilão de rodovias para mãos estrangeiras, com pedágio barato, aqui nós não conseguimos encontrar mecanismos que nos façam soltar da idéia de estarmos presos sob a custódia de concessionárias que não cumprem os seus contratos e pretendem prorrogações, nos cobram acima do que se pode entender seja razoável e legal. O próprio relatório lido e aprovado ontem dá conta dessas questões - assinala Britto – "e ainda que haja, e há, forte questão política no corpo da CPI, resta sobranceira uma verdade: precisaremos de uma outra CPI". O comentarista foi mais explicito quando citou que "temos de, alguma forma, colocar as pessoas em torno de uma mesa, verificar o fortalecimento da AGERGS como uma necessidade e contratos corretos, que mantenham equilibradas as participações da comunidade e das concessionárias, ou, então, será definitivamente um buraco sem fundo por onde o povo coloca dinheiro e sai na outra ponta sem que ocorra a resposta do serviço de forma adequada". Para o comentarista Antônio Brito os pedágios ainda exigirão, pelo menos, uma outra CPI "afim de moralizarmos o setor". Finalmente, sugere ao Ministério Público que este coloque em sua mesa de trabalho o tema dos pedágios buscando resolver o impasse.
ACIDENTES COM CAMINHÃO MATAM MAIS QUE AVIÃO
Todas as estatísticas brasileiras estão apontando que um terço dos acidentes nas rodovias brasileiras têm a participação dos veículos d carga. A imprudência, a velocidade excessiva, buracos e uso de produtos químicos para tirar o sono, mais o álcool, são as principais causas. O tipo de acidente mais comum, segundo estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é o tombamento, depois a colisão. Do total de tombamentos, 28% acontecem em curvas fechadas. O delegado Paulo Fleury, coordenador da pesquisa disse que o caminhão mata muito mais que o avião, apesar dos acidentes terem mais repercussão. Contribuem também para o elevado número de catástrofes a idade média da frota nacional que é de 24 anos, (nos países mais desenvolvidos a média é de 10 a 12 anos), sem falas na excessiva carga horária de trabalho a que são submetidos os motoristas. Aliás, a Lei que regulamenta a profissão e estabelece carga horária para os motoristas profissionais ainda está por ser aprovada pela ANTT. O presidente da FERNACAM, Diumar Bueno, disse que os caminhoneiros são tratados como "burros de carga". O mercado é perverso – acrescenta. E faz uma observação: "Normalmente os motoristas que chegam mais cedo ao destino recebem uma bonificação das empresas para as quais prestam serviço. Por isso, saem em disparada" – ressalta Bueno, reconhecendo que os entorpecentes acabam se tornando um recurso para o motorista se manter acordado".

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