sexta-feira, 20 de agosto de 2010

CIDADES DO INTERIOR NÃO QUEREM TRÂNSITO DE CAMINHÕES NO CENTRO
Seguindo o exemplo da EPTC – Empresa Pública de Transporte e Circulação – a Câmara de Vereadores de São Sebastião do Caí discute projeto de lei que impede o trânsito de caminhões no centro da cidade. Pelo texto, a proibição deve começar a vigorar a partir de 16 de setembro.O objetivo é evitar o tráfego de veículos pesados que, desde o início do ano, aproveitam o novo asfalto da ERS 124, para encurtar em 22 quilômetros a viagem entre a Região Central do Estado e a Serra. O desvio, sem pedágio e pardais, descarrega cerca de 1,2 mil caminhões diariamente na área central do município.Segundo o prefeito Darci José Lauermann, a situação tem se tornado insustentável. A deterioração das vias é visível e o intenso fluxo de veículos tem causado acidentes. Pelo texto, não será permitido o trânsito de caminhões com mais de um eixo traseiro no quadrilátero formado pelas ruas do antigo traçado da RS 122 (Leste) e pelo Rio Caí (Oeste). O projeto deve ser votado na próxima segunda-feira, 23 de agosto. De acordo com o prefeito, até 31 de agosto, o município vai preparar a sinalização de trânsito nas ruas e o DAER deverá colocar as placas sinalizando a proibição ao longo da ERS 124. Entre 1º e 15 de setembro serão distribuídos panfletos sobre a nova regra. A partir do dia 16, quem descumprir a lei estará sujeito à multa de R$ 85,18 e quatro pontos na carteira de habilitação.Haverá exceções para caminhões que precisarem fazer entregas ou carregar fretes na área proibida. A Secretaria Municipal de Obras Públicas do município poderá emitir licença para casos específicos. Para os demais, o trajeto entre a Serra e a Região Central volta a ser pela ERS 240 até o pedágio de Portão e, dali, ingressando na ERS 122.
ENCONTRO SOBRE TRÂNSITO E MOBILIDADE HUMANA
Olhar sobre a violência no trânsito tem que mudar. Para discutir a questão do aumento de mortes no trânsito no Estado, o Conselho Regional de Psicologia gaúcho e mais dez entidades ligadas ao trânsito promoveram o I Encontro Sobre Trânsito e Mobilidade Humana do Rio Grande do Sul. "A psicologia quer se comprometer com a efetivação de uma política pública de mobilidade humana", observa a presidente do Conselho Loiva Maria De Boni Santos. Para a psicóloga Aurinez Rospide Schmitz,, "as pessoas não se transformam quando entram no carro. Elas revelam partes que mantêm protegidas e explodem no trânsito. Pelas suas características, ele é um palco propício. O trânsito é coletivo, não é individualizado. Por que as pessoas não agem com essa falta de educação e respeito no ambiente de trabalho? Porque lá as pessoas precisam manter uma imagem. Segundo a especialista, os dados que mostram uma imensa maioria de vítimas do sexo masculino se explicam pelo modo como culturalmente os dois gêneros são criados e pelos instintos femininos. "A mulher é mais voltada para o cuidado. Hoje essa diferença entre ela e o homem está diminuindo, mas ainda permanece", diz Aurinez. No caso dos jovens, a necessidade de autoafirmação é um fator importante. Em razão disso, Aurinez tem uma posição definida a respeito da possibilidade de a idade mínima para a obtenção da carteira de habilitação ser diminuída, passando dos 18 para os 16 anos. "Sou absolutamente contra. Tecnicamente, a pessoa pode estar pronta aos 16 anos, mas emocionalmente, ainda não. Não tem o equilíbrio necessário e se expõe a riscos com mais frequência, o que, no trânsito, pode ser fatal", enfatiza. Para o chefe do Comando Rodoviário da Brigada Militar, tenente-coronel Edar Borges Machado, "O automóvel está associado ao prazer. E, na mente das pessoas, o prazer não está associado ao perigo. O coronel aponta um contrasenso entre o que os governos incentivam e se vangloriam e o que é feito para dar conta disso. "Gabamos-nos por aumentar a nossa frota, pelo crescimento no número de veículos vendidos. Mas, se reclama dos índices de acidentes e mortes nas estradas. Não se investe em rodovias o necessário para dar conta dessa demanda. Por que não se investe em transporte público de qualidade? Porque daí as vendas e os rendimentos econômicos das indústrias ligadas a essa área diminuem", destaca. "Enquanto tivermos essa visão, continuaremos produzindo esses resultados e não há polícia no mundo que resolverá o problema", diz Machado.

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