quarta-feira, 22 de abril de 2009

CRISE NO TRANSPORTE INTERNACIONAL
A queda de cerca de 30% nas exportações gaúchas durante o primeiro trimestre do ano em relação a igual período de 2008 está se refletindo no setor de transportes internacionais, com queda drástica no número de viagens para os países vizinhos. A Associação Brasileira de Transportadores Internacionais estima que, de novembro até agora, cerca de 3 mil pessoas ligadas ao setor perderam o emprego no Estado. A Receita Federal de Uruguaiana – que abriga o maior porto seco da América Latina e principal porta de saída de caminhões rumo ao Mercosul – apontou queda de 37,4% no número de caminhões que cruzaram a ponte internacional para a Argentina nos dois primeiros meses do ano, comparado a igual período do ano passado. Em Uruguaiana, 32,5% do PIB do município provém do comércio exterior. De acordo com o presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado, Lauri Kotz, a crise no transporte de cargas atinge diretamente os despachantes.
– O momento é grave, muitas empresas diminuíram o número de funcionários. Mas temos esperança que a situação melhore a partir de maio se o BNDES financiar as compras da Argentina, principal cliente dos produtos brasileiros – afirma Kotz. Sem frete para a Argentina, renda do transportador cai. A situação dos 210 associados da Cooperativa dos Transportadores de Cargas de Uruguaiana já é crítica. Os caminhões chegam a ficar até 15 dias parados no pátio sem conseguir frete. Para o vice-presidente da ABTI, José Carlos Becker, não há sinais de que a situação vá melhorar até o final do primeiro semestre. Nos próximos dias, a entidade participa de reunião em Brasília para cobrar do governo federal incentivos ao setor.
– Até agora, o governo fomentou a importação e exportação, mas especificamente para o ramo de transportes internacionais não houve nenhum incentivo. Vamos em busca disso – assegura Becker.
QUEDA NO PREÇO DO DIESEL PODE DEMORAR ATÉ 4 MESES
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o grupo de trabalho formado para estudar a redução no preço do óleo diesel irá discutir se a compensação virá de redução na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) ou da margem de lucro da Petrobras.
O ministro, no entanto, observou que a idéia é que "a Petrobras seja preservada" e que é preciso evitar "destruir a saúde financeira" da empresa. Reafirmou, porém, que uma solução para a questão não deve sair em menos de três ou quatro meses.
Questionado se o prazo não é longo para socorrer setores como o de transporte de cargas, que alega perdas provocadas pela combinação entre o alto preço do diesel e a redução da atividade econômica provocada pela crise financeira internacional, Lobão respondeu que é desejo do governo resolver a questão com agilidade, mas que é preciso evitar "destruir a saúde financeira da Petrobras".
"Compreendemos a situação dos caminhoneiros, mas seguramente eles também compreendem que, quando o barril do petróleo se elevou tanto, eles não foram afetados por conta disso. Ao contrário, levamos anos sem fazer qualquer alteração", afirmou.
O grupo de trabalho, que discute a redução no preço do óleo diesel, é formado por representantes dos ministérios de Minas e Energia e da Fazenda.
LULA TAMBÉM COBRA REDUÇÃO
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a redução dos preços dos combustíveis cobrados no País.
"Nós precisamos reduzir, todo mundo sabe disso, a Petrobras sabe disso. Mas precisamos compatibilizar o que irá acontecer com os Estados, que nessa época de crise perderão muito ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços)", afirmou o presidente a jornalistas depois de participar de solenidade de promoção de oficiais das Forças Armadas em Brasília. "Então, nós não podemos calçar um santo e descalçar o outro. Precisamos, mesmo que seja um sapato mais humilde, dar um sapato para cada um para que todo mundo possa calçar", acrescentou o presidente.

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